segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cientistas brasileiros abrem caminho para emagrecimento ‘sem esforço’ e com baixo risco

Nova droga, testada em primatas, aponta redução de 27% da gordura abdominal em quatro semanas

http://www.bosluis.co.za/2011/08/20/lunch-274/

Um novo emagrecedor, o “adipotídio”, desenvolvido pelo casal de cientistas brasileiros Renata Pasqualini e Wadih Arap, mostrou resultados promissores: perda de peso expressiva com efeitos colaterais mínimos. 

Pasqualini e Arap são pesquisadores da Universidade do Texas, em Houston (EUA), há mais de dez anos, e publicaram os resultados dos testes com o adipotídio – realizados em macacos do tipo reso – na última edição da revista Science Translational Medicine.

Trata-se de uma nova classe de remédios que, ao contrário de outros emagrecedores, não apresenta efeitos colaterais graves, como problemas cardiovasculares e distúrbios psiquiátricos.

Ao invés de inibir o apetite, ou diminuir a absorção de gordura, o adipotídio elimina vasos sanguíneos que alimentam o tecido adiposo.

O grande feito da dupla brasileira foi obter resultados positivos com a nova fórmula em primatas, já que a maioria das drogas contra a obesidade são testadas com sucesso apenas em roedores. 

“Experimentos com camundongos são limitados, pois o metabolismo e o sistema de controle de apetite e saciedade são diferentes em relação aos primatas, inclusive humanos”, diz a cientista Pasqualini. 

Macacos receberam injeções de adipotídio durante quatro semanas e, além de uma redução de mais de ¼ da gordura localizada na barriga, tiveram uma diminuição de 10% da massa corporal. 

Assim como os humanos, os primatas são “espontaneamente” gordos, o que os tornam modelos ideais para testes, afirma Kirstin Barnhart, veterinária que participou da pesquisa liderada por Pasqualini e Arap.

Um aumento no volume de urina e uma leve desidratação – sugerindo impacto no sistema renal – foram alguns dos efeitos adversos verificados, embora “o efeito renal seja dependente da dose, previsível e reversível”, conclui Barnhart. 

Quando testado em macacos magros, o adipotídio não causou perda de peso, revelando um efeito seletivo sobre o tecido adiposo. “Identificamos um sistema de endereços moleculares no corpo” explica Pasqualini; na prática isto significa que, uma vez localizado o tecido que precisa de tratamento, é possível criar uma droga capaz de atuar nele com precisão.

Arap informa que o adipotídio já foi licenciado para um laboratório da Califórnia, mas se furta a prever quando o medicamento chegará às farmácias. 

Segundo um estudo recente do Centro de Pesquisa Cardiovascular da Universidade de Glasgow, Inglaterra, a obesidade nos homens aumenta em 75% a chance de um ataque cardíaco, independentemente de outros fatores de risco, como hipertensão e colesterol alto. É também o segundo maior fator de risco evitável para o câncer, atrás apenas do tabagismo.

A nova fórmula emagrecedora, fruto da pesquisa liderada por Pasqualini e Arap nos Estados Unidos, poderá trazer alento a cerca de um bilhão de pessoas no mundo todo, que sofrem de obesidade.

“Para mais de 90% [desse contingente], exercícios físicos, dietas, mudanças de hábito e medicamentos existentes não são eficazes”, afirmou (em 2007, em Lisboa) o endocrinologista Felipe Casanueva, da Universidade de Santiago de Compostela, Espanha, na conferência “Obesidade: o grande desafio”.

O medicamento desenvolvido pela equipe dos cientistas brasileiros pode ser um passo importante para superar “o limitado conhecimento que se dispõe sobre os mecanismos complexos que controlam a ingestão de alimentos no organismo”, conforme declarou Casanueva. 

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