segunda-feira, 25 de junho de 2012

CO2: herói ou vilão do meio ambiente?

‘Concentração de gás carbônico na atmosfera pode até dobrar que ainda será benéfica para o planeta’, diz Molion 

Luiz Carlos Molion é PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA), professor de Climatologia da UFAL e representante da América do Sul na Organização Meteorológica Mundial
http://dotecome.blogspot.com.br/2011/08/uma-catastrofe-menos.html

Expoente maior dos “céticos do clima” no Brasil, o meteorologista Luiz Carlos Molion contestou – ontem, no programa Canal Livre da Band vários argumentos da corrente científica defensora da hipótese do aquecimento global antropogênico. 

Com uma didática de fazer inveja a qualquer professorinha do ensino fundamental, Molion dá uma aula sobre clima e explica as reais causas das alterações no nível dos oceanos e da temperatura do ar ambiente.

“O homem só pode influir no clima local, o que não gera impacto significativo no clima global; nos grandes centros urbanos o clima é de fato alterado pela ação antrópica, já que nas cidades o solo vai se tornando cada vez mais impermeável, facilitando o escoamento das águas para fora do perímetro urbano [dificultando, assim, o esfriamento do ar pela evaporação]”, explica Molion.

Já em áreas vegetadas fora das cidades a evaporação é bem mais importante, o que permite esfriar o solo aquecido pelos raios solares e, assim, propiciar uma temperatura ambiente menor, conclui o professor da Universidade Federal de Alagoas.

Neste ponto, digamos que Molion foi “econômico” em sua explicação, e abrimos aqui um parêntese. Na verdade, a redução de áreas verdes é apenas um entre muitos fatores responsáveis pelas "ilhas de calor" que se formam nas grandes cidades.

Um dos principais fatores que contribuem para o aumento da temperatura nos espaços urbanos é a redução do albedo – parcela da radiação solar refletida de volta ao espaço – que, por sua vez, decorre de outros fenômenos oriundos do processo de urbanização. (Fechando parêntese)

“Os continentes – que respondem mais rapidamente aos efeitos da radiação solar – ocupam 29% da superfície terrestre, sendo 15% de terras desérticas e geladas; metade dos 14% restantes são florestas boreais e tropicais. O homem manipula apenas 7% da superfície do planeta; então, não tem como interferir no clima global”, diz o especialista em climatologia.

“Não é o aumento do CO2 que provoca a elevação da temperatura do ar ambiente, é exatamente o contrário. É análogo ao que ocorre quando um copo de cerveja vai esquentando; os gases dissolvidos nela são liberados. Imagine os oceanos, que cobrem 71% do planeta, sujeitos a este fenômeno. Com o aquecimento das águas – como aquele observado de 1976 a 1998, devido à frequência maior de [correntes] El Niño – há uma liberação maior de CO2 na atmosfera”, afirma Molion.

“Há 120 milhões de anos, quando a concentração de CO2 atmosférico era 8 a 10 vezes superior à atual, a produção vegetal era tão grande que fez surgir os dinossauros. Hoje, seria impossível a existência daqueles animais gigantescos. Inúmeros ensaios agronômicos mostram que, se dobrar a atual concentração de CO2, a produtividade de cereais pode aumentar de 30 a 50%”, diz o cientista.

Sobre uma possível acidificação dos oceanos causada pela absorção excessiva de CO2 – que poderia ameaçar a sobrevivência de alguns seres marinhos – Molion alega que os estudos feitos até agora se restringem a uma área específica e não podem ser generalizados.

Para o meteorologista, a perda de vitalidade de alguns corais durante certo período deve-se “não ao aquecimento global, mas sim às correntes marinhas que, a partir de 1995, passaram a transportar mais calor da região equatorial para regiões polares, aquecendo o oceano e provocando estresse nos corais. Observações atuais já indicam que eles estão se restabelecendo”.

Sobre o aumento do nível dos mares e oceanos nos últimos anos, o cientista afirma que o aumento (de 5 cm) no nível das águas – registrado de 1993 a 2007 – é parte de um ciclo lunar que dura 18,6 anos e que pode fazer o nível subir até 12 cm, fruto de interações gravitacionais entre a Lua e a Terra. 

Nada mal ver um canal de TV aberta que, embora seja objeto de concessão pública, nem sempre adota as práticas do bom jornalismo dando voz a correntes científicas "minoritárias", especialmente em tema tão relevante como o das mudanças climáticas.

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