terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Produção de eletricidade: um bom indicador de desenvolvimento?

Fator essencial ao progresso de um país, quantidade de eletricidade por habitante revela discrepâncias regionais do nível de vida

Produção elétrica por habitante e por região em 2011 (kWh/hab.) Adaptado de http://www.energies-renouvelables.org/observ-er/html/inventaire/pdf/14e-inventaire-Chap01-Fr.pdf


A energia elétrica é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país e sua importância cresce com o avanço tecnológico, o processo de industrialização e as necessidades de conforto das pessoas. O aumento de sua produção significa melhoria da qualidade de vida e maior criação de riquezas.

Assim, a quantidade de eletricidade produzida por habitante pode ser um parâmetro adequado para medir diferenças de desenvolvimento entre as diversas regiões do planeta. No entanto, este índice nem sempre reflete o nível de vida, como mostra o 14º inventário da produção elétrica mundial com fontes renováveis, publicado recentemente pela Observ’ER (Edição 2012).

Por exemplo, a produção elétrica per capita na Comunidade dos Estados Independentes (antiga União Soviética) é duas vezes maior que a da América do Sul (figura), embora os habitantes dessas regiões tenham renda similar.

As diferenças regionais da produção de energia por habitante expressam não apenas a disparidade de renda, mas também a quantidade de energia utilizada para a criação de bens.

O montante de eletricidade produzida em países com economias de tamanhos semelhantes pode variar, em função de fatores como a capacidade de geração de energia primária, geografia, aspectos históricos, infraestrutura elétrica e extensão da rede.

Isto leva a distintas trajetórias da produção elétrica em países de diferentes regiões, conforme suas reservas de combustíveis fósseis (Oriente Médio, África do Norte, Rússia, Austrália, China), potencial hídrico (Brasil, Canadá, Noruega, Suécia) ou o impacto da energia nuclear (França).

Globalmente, o consumo médio de eletricidade para se produzir um bem de valor agregado equivalente a 1 dólar é de 0,32 kWh (quilo-watt-hora). Mas as diferenças regionais são consideráveis.

Enquanto na América do Sul se gasta em média 0,25 kWh/dólar de bem produzido, na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) o gasto elétrico é o dobro. A região com o menor índice é a América Central e Caribe, com 0,20 kWh/dólar, valor próximo ao consumo da Europa Ocidental (0,23 kWh/dólar).

Em nível mundial, a evolução da produção elétrica e a criação de riquezas caminham juntas, estão bem correlacionadas. A quantidade de eletricidade gerada no mundo por unidade de PIB recuou a uma taxa média de 1% ao ano, entre 2001 e 2011.

Na América do Norte e Europa do Oeste a redução foi de 0,6%, em razão do crescimento consistente do setor de serviços (de alto valor econômico, mas de baixo consumo energético), em detrimento da produção de bens industriais.

Na Europa Central e CEI – onde os setores industrial e elétrico estão se reestruturado e se tornando menos “energívoros” – as necessidades de eletricidade por unidade de PIB caíram em média 2,6% e 3,4% (de 2001 a 2011). Na América do Sul, o valor recuou levemente: - 1%.

Já Oriente Médio, África do Norte, Ásia do Leste e do Sudeste, América Central e Caribe são as regiões que demandam cada vez mais energia para produzir uma unidade de PIB suplementar.

No leste e sudeste asiático (com + 1,4% de consumo elétrico/unid. PIB), a China – em processo de industrialização espetacular – limita a influência de outros países já industrializados, como Japão e Coreia do Sul.

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