terça-feira, 8 de abril de 2014

Solar fotovoltaico: Brasil está entre países com maior potencial ‘disruptivo’, diz McKinsey

No curto prazo, consumidor poderia pagar pelo kWh solar valores próximos ao da eletricidade eólica 

Instalações fotovoltaicas residenciais na Alemanha, país que deve ter uma capacidade adicional no setor de 2 GW até 2018 http://www.pv-magazine.com/news/details/beitrag/pv-storage-market-to-reap-19-billion-by-2017_100011054/#axzz2xtO4UV1b 

A consultoria global em gestão empresarial e governamental McKinsey aponta o setor residencial brasileiro como um mercado potencialmente atrativo para a tecnologia fotovoltaica. 

A demanda de eletricidade solar no Brasil seria equiparável à da Alemanha, mas a produção de energia fotovoltaica nacional seria 60% maior que a alemã, com base na mesma área de módulos.

David Frankel, Keneth Ostrowski e Dickon Pinner, autores do recém-publicado artigo The disruptive potencial of solar power, afirmam que a crise financeira, o baixo preço do gás natural, o corte de subsídios e a enxurrada de importações de painéis chineses desafiaram a indústria fotovoltaica, mas não minaram o seu potencial. 

Ao contrário, o setor teve um crescimento anual médio de 50% desde 2006. Na ótica dos autores, os fabricantes de painéis solares estariam prontos para assumir um papel ainda mais relevante no mercado global de energia. 

Na medida em que o setor fotovoltaico se expande, seu impacto na economia e sobre os consumidores finais torna-se mais expressivo e mais abrangente, dizem os consultores da McKinsey. 

Segundo esses analistas, a “chave” do potencial da energia fotovoltaica é a queda acentuada nos custos dos painéis. Nos Estados Unidos, os custos dos módulos caíram 30% de 2008 a 2013, enquanto que a capacidade instalada acumulada passou de 1,7 GWp em 2009 para 11 GWp (estimados) ao final de 2013. 

“Embora os custos do equipamento devam continuar caindo, as maiores oportunidades estão associadas a outros custos. [Nos EUA], gastos com instalação, manutenção, financiamento e subsídios regulatórios representam juntos cerca de 50% do valor de um sistema fotovoltaico residencial”, dizem os consultores da McKinsey. 

Eles estimam um custo de instalação de 2,30 USD por watt-pico (unidade de potência) em 2015 e de 1,60 USD em 2020. Em 2012, os consumidores residenciais americanos pagaram, em números redondos, entre 12 e 17 centavos de dólar por kWh fotovoltaico consumido (gráfico). 

Potencial da geração solar fotovoltaica nos principais mercados do mundo e nos países onde já há “paridade rede” (análise aplicada ao setor residencial). Adaptado de http://www.mckinsey.com/insights/energy_ resources_materials/the_disruptive_potential_of_solar_power

Paridade rede é quando o custo do kWh fotovoltaico se iguala ao do kWh da rede elétrica, ou seja, quando a produção de eletricidade solar se torna competitiva com a energia gerada convencionalmente. 

Já é realidade em vários países europeus, além de Austrália, Japão e Índia, conforme se vê na área mais clara do gráfico, e é apontada como potencialmente viável no Brasil. 

Conforme indicam as linhas brancas do gráfico – “isolinhas” com valores do custo da instalação solar (em USD por watt-pico) – no Brasil o custo médio do watt-pico instalado sairia por menos de 4 USD, valor inferior ao praticado na Austrália, Japão, Alemanha, Itália e Espanha, países com forte investimento em geração fotovoltaica. 

O valor médio abaixo dos 4 mil USD por kWp, atribuído ao custo de sistemas fotovoltaicos residenciais no Brasil, não se situa tão longe do custo atual de instalação do kW eólico, uma fonte já bastante disseminada em nosso país. 

Em artigo publicado em 2013, os pesquisadores Nilton Lima (UFU), Antonio Penedo (UFU), Gustavo Souza (UFAL) e Jamerson Queiroz (UFRN) afirmam que o custo de instalação de parques eólicos no Brasil gira em torno de 3 mil USD por kW. 

A energia produzida por instalações fotovoltaicas residenciais poderia ser injetada diretamente na rede e/ou consumida localmente, sem os custos de transmissão requeridos na geração eólica centralizada, o que permitiria ao usuário pagar valores próximos ao kWh eólico. 

O estudo da McKinsey coloca em evidência o potencial da energia solar fotovoltaica em diferentes geografias e a evolução de vários mercados rumo à paridade rede, o que justificaria o caráter “disruptivo” dessa tecnologia. 

Este termo, cunhado originalmente por C. M. Christensen em 1995 (no artigo Disruptive technologies: catching the wave), se aplica a uma inovação, produto ou serviço que estrategicamente “rompe” a predominância de uma tecnologia em um dado mercado. 

Posto que gerar energia em grande escala usando uma tecnologia limpa como a solar fotovoltaica significa uma ruptura de paradigma no setor energético, o “disruptivo” no título do artigo dos analistas da McKinsey parece pretensiosamente bem empregado. 

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