segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

São José dos Campos (SP) é uma das principais ‘ilhas de calor’ do Brasil, diz estudo

Verticalização contribui para manter núcleo urbano mais quente que zonas periféricas rurais

Vista aérea de São José dos Campos (SP)
http://www.sjc.sp.gov.br/secretarias/governo.aspx

Capital do Vale do Paraíba, São José tornou-se exemplo de “ilha de calor”, resultante de um processo de urbanização desenfreada.

O fenômeno é caracterizado quando a temperatura do ar ambiente na cidade torna-se sensivelmente maior que no entorno verde.

Um estudo realizado por diversos centros de pesquisa brasileiros e publicado recentemente pela UFRJ mostrou que, depois de São Paulo e Rio de Janeiro, São José dos Campos (no interior paulista) é a cidade com maior número de áreas urbanas mais quentes que áreas periféricas.

A diferença de temperatura chega a 3 oC. Outras cidades de médio porte listadas na pesquisa como grandes “concentradoras de calor” são Porto Alegre, Curitiba e Campinas.

Em todas elas, identificou-se o mesmo processo acelerado de urbanização, em que a cobertura natural foi substituída por pavimento asfáltico, concreto e outros tipos de superfície artificial.

A rápida verticalização e a expansão de áreas residenciais em direção a áreas antes exclusivamente industriais e a rodovias que cortam o perímetro urbano também contribuem para a formação de ilhas de calor.

“O setor automobilístico, concentrado inicialmente na região do ABC, sofreu uma dispersão geográfica, deslocando-se para Betim-MG (FIAT) e interior de São Paulo – região de Campinas e Vale do Paraíba”, diz o 1º relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, elaborado pela UFRJ.

O documento expressa preocupação, pelo fato do aumento da quantidade de veículos particulares estar intensificando a emissão de gases de efeito estufa em regiões metropolitanas.

Para a secretária de Meio Ambiente de São José Andréa Francomano, a geografia da cidade (situada em um vale) e o fato dela ser cortada pela principal estrada que liga os estados de São Paulo e Rio (via Dutra) agravam os problemas ambientais.

Entre as medidas de mitigação que cabem ao poder municipal e que vem sendo adotadas estão a ampliação de ciclovias e a implantação de corredores de ônibus, destaca Francomano.

São paliativos que podem amenizar o problema, mas não impedem a formação dos tais focos de calor, cuja principal causa é o próprio processo de urbanização.

Ilhas de calor são causadas por uma teia de fatores antrópicos, a maioria deles relacionados diretamente à urbanização. 

A redução da parcela da radiação solar refletida de volta ao espaço (devido ao uso de materiais de construção e pavimentação altamente absorventes) e o chamado “efeito cânion radiativo” (trocas radiativas entre telhados e o céu), que também aumenta a energia solar absorvida, estão entre as principais causas. 

Cientistas, inclusive, apontam procedimentos de mitigação mais efetivos que aqueles citados por Francomano, mas que obviamente dependeriam de outras esferas de poder. 

O físico francês Francis Meunier descreve em um artigo uma série de medidas potencialmente capazes de criar um “efeito oásis” em conglomerados urbanos e, assim, atenuar ilhas de calor como a que se tornou São José dos Campos. 

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